Festa da Bela Cruz

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a noite da véspera do dia da Bela Cruz, que o calendário cristão celebrava no dia 3 de Maio, há o costume de colocar cruzes de madeira floridas nas encruzilhadas e nas portas das casas. 


Estas consagrações florais, segundo a hipótese clássica, vão procurar a sua filiação às festas romanas que celebravam o renascer da Primavera, e que no nosso País correspondem à celebrações cíclicas conhecidas por Maias, estas celebrações foram proibidas no tempo de D. João I em 1385.

A tradição da Bela Cruz é muito antiga e resulta de um cruzamento entre tradições pagãs e cristãs. A tradição de comemorar a chegada da primavera enfeitando os campos e as casas é milenar, perde-se no tempo, e variava de terra para terra.

Uns enfeitavam só os campos, outros enfeitavam até as estradas e caminhos; uns só usavam plantas silvestres, outros, as melhores flores do jardim, ou só determinada flor, ou só de uma cor (amarelo, normalmente). Havia danças e cantares. Nesse dia era festa.

Enquanto algumas têm origem em ritos pagãos campestres perfilhados pela Igreja, outras têm por intenção invocar, tão-só, factos ou mitos considerados dignos de relevância. 


Umas e outras a misturar na sua componente o histórico, o religioso e o profano, particularmente entre a comunidade rural, onde crenças e práticas rituais continuam a verificar-se em datas festivas, como herança perpetuada até aos nossos dias. 

Já na antiga Roma tinham lugar nos dias 1, 2 e 3 de Maio, as Florais ou Florálias, festas celebradas em louvor de Flora, deusa das flores e mãe da Primavera.

Amada por Zéfiro, vento do oeste, e venerada pelos Sabinos – antes da submissão deste povo aos Romanos, em 220 a.C., e da própria fundação de Roma – , Flora apresentava-se no seu templo, no Quirinal, uma das sete colinas onde foi construída Roma, permanentemente adornada com grinaldas de flores.


As celebrações tiveram, de início, um carácter campestre e popular, com jogos e danças, mas acabaram por tornar-se extremamente licenciosas.

Daí, ser provável, a eventual relação entre as celebrações a Flora e as comemorações rituais campestres que se efectuam no nosso e noutros países nos três primeiros dias de Maio, principalmente no dia 3 – dia da Santa Cruz, ou dia das Cruzes, dia da Bela Cruz, ou dia da Vera Cruz – , data em que se regista uma das mais antigas solenidades litúrgicas da Igreja, já celebrada em Jerusalém no tempo do imperador romano Constantino, baseada na exaltação do triunfo de Cristo sobre a morte.


Quando surgiu o cristianismo, as tradições foram alteradas, adaptadas para a nova religião, passando as decorações a ser feitas em forma de cruz. O dia 3 maio assinala o dia em que a Santa Cruz, ou Vera Cruz, foi recuperada aos persas, em 630 d.C.. 

A tradição é construir cruzes decoradas com flores campestres, rosas e folhagens várias. Essa cruz era colocada nas hortas e campos ou, mais recentemente, nas varandas.

Uns colocavam as cruzes antes do nascer do sol, outros durante a manhã, mas sempre antes do meio-dia. O objectivo de enfeitar os campos e as hortas, com flores e ramagens em forma de cruz, é pedir boas colheitas, para que, durante o ano, haja alimentos com fartura.

São enfeitadas com folhas de nespereira e flores do campo, papoilas, malmequeres, rosas. Também é costume colocar flores em todos os cruzeiros.

Festa da Bela Cruz Festa da Bela Cruz Reviewed by Marta Rainier on maio 04, 2019 Rating: 5

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