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Festa dos Tabuleiros é a celebração mais importante da cidade de Tomar, Portugal e uma das maiores e mais antigas do país, atraindo muitos visitantes no dia do Cortejo dos Tabuleiros, sendo também conhecida como a Festa do Espírito Santo, e realiza-se de 4 em 4 anos, no início do mês de julho.
O traço mais característico desta festa é o Desfile ou Procissão dos tabuleiros, que representam as freguesias do concelho e percorre a ruas de Tomar por 5 km, ladeado pelas colchas que a população pende à janela, e os milhares de visitantes que vêm se deslumbrar por essa profusão de cores.
Tradicionalmente, o tabuleiro é transportado por uma rapariga vestida de branco e terá de ter a altura da mesma. Este é decorado por flores de papel colorido, espigas de trigo, 30 pães, de 400gr cada, enfiados em canas que saem de um cesto de vime envolvido por um pano banco bordado. O topo do tabuleiro é ainda composto por uma coroa encimado pela Cruz de Cristo ou a Pomba do Espírito Santo.
Além do Desfile, a Festa é constituídas de diversas cerimónias tradicionais como o Cortejo das Coroas, o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo ou a chegada dos Bois do Espírito Santo, os Cortejos Parciais e os Jogos Populares. No dia a seguir ao Cortejo, ainda se mantém a tradição da Pêza que consiste na partilha do pão e da carne pelas populações.
Outra das tradições mais antigas e originária de Tomar, presente na Festa dos Tabuleiros, são os tapetes de flores de papel nas ruas da cidade. As ruas do centro histórico por toda a cidade são ornamentadas com flores dando cor e alegria à cidade templária.
CORTEJO DAS COROAS E PENDÕES
O Cortejo das Coroas e Pendões é o primeiro ato solene da Festa dos Tabuleiros e destina-se, como antigamente, a anunciar à população a próxima celebração da sua Festa Maior.
No chamado terceiro ciclo da Festa (após 1950), o Cortejo sai da Misericórdia fiel depositária do Pendão e Coroas da cidade de Tomar, dirige-se à Igreja de S. João Baptista onde é celebrada a Missa Solene do Espírito Santo na presença das Coroas e dos Pendões de todas as freguesias do concelho (que só se voltam a juntar no dia do Cortejo dos Tabuleiros) que são colocados na capela-mor.
Terminada a Missa, o Primeiro Cortejo das Coroas e Pendões percorre o itinerário do Cortejo dos Tabuleiros.
Uma Festa religiosa com sete saídas de Coroas. 7 é o número perfeito a nível da Igreja Católica: 7 dias da semana; 7º dia é o da plenitude da caminhada (quando Deus descansou); 7 Dons do Espírito Santo; 7 domingos, da Páscoa ao Pentecostes.
Nas restantes saídas de Coroas e Pendões, o Cortejo sai da Misericórdia e dirige-se à Igreja de S. João Baptista ou à Igreja de Santa Maria do Olival onde é celebrada a Missa Solene havendo rotatividade entre as onze Juntas de Freguesia. O seu percurso é variável e tem sido adaptado ao crescimento da cidade pretendendo-se levar o anúncio da Festa à maioria dos habitantes.
As ruas estão decoradas com colchas coloridas nas janelas e o chão com verdura. À passagem do Cortejo o povo vai lançando flores criando assim um efeito de cor ímpar e o clima de alegria que se vive sempre em anos de Festa dos Tabuleiros.
A antecipar o Cortejo e bem à frente vai o fogueteiro anunciando a aproximação da procissão; em seguida vêm os gaiteiros e tamborileiros, a Banda, o Pendão do Espírito Santo, as três Coroas do Espírito Santo da cidade, as onze Juntas de Freguesia representadas pelo Pendão e pelas Coroas, os membros das diferentes Comissões e o povo.
CORTEJO DOS RAPAZES
As crianças levam os trajes de tradição: as meninas vestidas de branco com uma fita de cor à cintura e à tiracolo, sogra ou rodilha e transportam o tabuleiro que terá a sua altura e os rapazes trajam calça preta, cinta preta, barrete preto no ombro, camisa branca e gravata habitualmente da cor da fita da menina.
RUAS POPULARES ORNAMENTADAS
A Festa dos Tabuleiros é, essencialmente, uma festa de cor e movimento. Uma das formas mais características da população mostrar a alegria pela realização da Festa é a ornamentação das suas ruas, chamadas de populares porque a maioria se encontra no chamado centro histórico da cidade onde o bairrismo ainda vive.
Assim, centenas de pessoas despendem milhares de horas de trabalho durante mais de seis meses, a confecionar milhares de flores de papel com que vão ornamentar as suas ruas. A ornamentação é da sua autoria e responsabilidade e o segredo é sempre mantido até à quinta-feira à noite em que se dá a abertura oficial das ruas populares.
O talento e o trabalho dos «decoradores» é premiado e avaliado pela Comissão que oferece placas que premeiam por exemplo a Cor, a Harmonia, a Tradição sendo contempladas todas as ruas concorrentes.
CORTEJO DO MORDOMO
Perde-se no tempo a origem do «Cortejo do Mordomo». De início seria um hino à abundância simbolizada nos bois que iriam ser abatidos para o Bodo. «Os Bois do Espírito Santo» como eram chamados, desfilavam perante o olhar da população sendo posteriormente abatidos e a carne distribuída a toda a população, ricos e pobres, em memória de um mundo novo e fraterno.
Desde 1966 que os bois já não são abatidos e a carne não é distribuída a todos passando a ser distribuída unicamente pelas famílias carenciadas. No entanto a tradição mantém-se: os bois são enfeitados com colares e brincos de flores desfilando pelas ruas da cidade ao som de foguetes, gaiteiros e banda de música. A acompanhar vão algumas charretes que transportam os Mordomos e convidados e vários cavaleiros.
CORTEJOS PARCIAIS
No sábado de manhã decorrem os chamados «Cortejos Parciais». A necessidade de reunir os Tabuleiros das diferentes freguesias para o Cortejo de Tabuleiros levou, a partir dos anos 50, à introdução de um elemento novo – um Cortejo em separado dos tabuleiros das diferentes freguesias que partindo de um local previamente escolhido passam junto ao edifício dos Paços do Concelho onde são recebidos pelo Mordomo, Presidente da Câmara e Vereação dirigindo-se para a Mata Nacional dos Sete Montes onde ficam em exposição até ao Cortejo de domingo.
JOGOS POPULARES
A inspiração vem de tempos recuados pois a Festa dos Tabuleiros era o grande acontecimento que atraía a Tomar a população das redondezas que se deslocava, como era habitual na época, a pé, de carroça ou sobre os muares.
A corrida de burros era a parte mais animada e interessante da festa. Em 1964, realizaram-se os primeiros Jogos Populares adaptando-se os jogos tradicionais inspirados no trabalho da nossa gente rural (corte de troncos a machado e corte de troncos a serrote).
Cada freguesia tem um representante em cada jogo, exceto no chinquilho (equipa), na gincana de burros (um rapaz e uma rapariga), na luta de tração (equipa) e no corte de troncos a serrote (dois homens). Além destes jogos também se disputam a corrida de carroças, corrida de cântaros, subida de mastro, corrida de sacos, corrida de pipas, corrida de púcaros e corte de troncos a machado.
CORTEJO DOS TABULEIROS
O motivo principal da Festa dos Tabuleiros é o Grande Cortejo dos Tabuleiros que adquiriu tanta importância que deu o nome à Festa que hoje só é conhecida por Festa dos Tabuleiros. O Tabuleiro é uma oferta de pão, por isso o pão deve ficar à vista, a ornamentação pertence ao gosto de quem o decora, com flores de papel e verdura se for caso disso.
Dirigem-se à Praça da República onde o Cortejo enrola harmoniosamente até preencher sem sobressaltos a placa central. Um representante da Igreja vem à Praça, paramentado, dar a bênção aos Tabuleiros. Depois, a um sinal do sino, é a elevação.
BODO OU PÊZA
Os bodos do Espírito Santo, (refeição sagrada), instituídos pela Rainha Santa Isabel que em Tomar, com a passagem dos anos se passaram a designar Pêza e é o último ato de cada Festa dos Tabuleiros.
Acontece no dia a seguir ao Cortejo dos Tabuleiros (segunda-feira) e seguindo a tradição (porque os Dons de Deus - frutos da terra e dos rebanhos - carne, pão e vinho - são para todos), numa forma de agradecimento a Deus, consta da partilha do pão, da carne e do vinho agora só com os mais pequenos, os mais necessitados.
Acredita-se que se trata de uma das mais antigas festas do nosso país remontando às festas do imperador, instituídas por D. Dinis e pela Rainha Santa Isabel, no quadro do culto do Espírito Santo.
Têm também a ver com práticas ancestrais de entrega das primícias das colheitas à Deusa Ceres e de celebração da fertilidade da terra. E há ainda uma componente mais recente, também presente nas Festas dos Açores, com o seu quê de inspiração franciscana, de celebração igualitária da fraternidade e da partilha dos frutos da terra: o bodo e a ceia comum. Segundo alguns autores a sua origem encontra-se nas festas de colheitas à deusa Ceres.
Os símbolos do Espírito Santo estão bem presentes no alto tabuleiro que as raparigas transportam no cortejo: no topo a pomba e a coroa e de alto a baixo os pães enfiados em cana (aos quais se atribuíam virtudes milagrosas), flores de papel (tradicionalmente, papoilas) e, ainda, espigas.
No século XIX encontram-se referências às festas do Espírito Santo, e até 1895 fazia-se o cortejo anual à Sexta-feira, por alturas do dia 20 de Junho. Depois de 1914, passou a fazer-se ao Domingo.
A antiga tradição do sacrifício dos bois, cuja carne seria depois distribuída por todos (como acontecia no penedo, após a tourada à corda), manteve-se até 1895. A partir de 1966, os bois do Espírito Santo voltaram ao cortejo, mas agora só com funções simbólicas.
Festa dos Tabuleiros de Tomar
Reviewed by Marta Rainier
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maio 10, 2019
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